Face menos conhecida da ativista Sonia Guajajara, início da atuação foi na Saúde
A ministra nomeada para o recém-criado Ministério dos Povos Indígenas é cria da maior categoria da Saúde. Formada em letras e Enfermagem, Sonia Bone, conhecida mundialmente pelo nome do seu povo Guajajara/Tentehar, atua desde 1990 em ações voltadas para a Saúde indígena. Nascida em 1974, sempre defendeu a participação dos povos originais nas decisões de políticas de Saúde e a presença do Sistema Único de Saúde (SUS) nas aldeias.
“Muitos indígenas morrem por falta de atendimento que não chega e de um sistema que não é presente. A saúde indígena precisa melhorar, os povos indígenas precisam ser respeitados. E se não tem a nossa participação as políticas acabam dando errado”, declarou Sonia em 2011, no pleno do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
Sua carreira profissional na área do cuidado teve início em 1992, quando realizou em aldeias indígenas do Maranhão, seu estado de origem, uma monitoria em saúde e educação. O foco era alertar sobre prejuízos do álcool e das drogas, além de doenças sexualmente transmissíveis. No ano seguinte, estudou medicina alternativa em Lins, São Paulo, onde se aprofundou nas tradições indígenas de cura.
De volta ao Maranhão, em 1995 foi a vez de se formar como auxiliar de Enfermagem. Admitida na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), trabalhou com o cuidado de saúde nas aldeias Canudal e Zutiw’a. No final de 1996, também ingressou como profissional de Enfermagem na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Em 1998, foi aprovada como Auxiliar de Enfermagem em concurso público municipal.
Foi no ativismo que trilhou o caminho que acabou lhe colocando entre uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Sônia levava denúncias de crimes ambientais ao parlamento europeu. Presença constante no Encontro dos Povos Indígenas em Brasília, desde 2001, fez parte da coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e atuou como coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
Em 2018, foi candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos, um marco da presença do movimento dos povos indígenas na corrida eleitoral. A campanha pavimentou sua eleição como deputada federal por São Paulo em 2022, com mais de 150 mil votos. Durante a pandemia ne covid-19, esteve à frente de iniciativas de proteção à saúde dos indígenas junto à Fiocruz. Todas as suas conquistas são referidas no coletivo como uma realização dos povos indígenas que representa. “Plantamos a vida, não alimentamos a morte. Nosso sonho é a transformação social por meio da participação popular”, disse em depoimento em livro sobre sua trajetória.
Fonte: Ascom – Cofen