Aproximadamente duas mil pessoas marcharam em defesa da autonomia reprodutiva e humanização do parto, neste sábado, 18/11, em mais uma edição da Marcha Pela Humanização do Parto. A mobilização, que já faz parte do calendário de Teresina, é uma iniciativa do Conselho Regional de Enfermagem do Piauí (Coren-PI), em parceria com a Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (Abenfo) – Secção Piauí e com o apoio do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
Desde 2012, a marcha busca informar, promover discussões e sensibilizar gestores e a sociedade em geral da importância da garantia do direito a uma experiência plena de respeito, cuidado e acolhimento durante todas as etapas do ciclo gestacional. “Esse evento é fundamental para que possamos conscientizar a sociedade e os profissionais de saúde da importância do respeito aos direitos e à autonomia das mulheres”, ressaltou o presidente do Coren-PI, Enf. Antonio Neto. Em sua fala, Antonio Neto mencionou as ações do Coren-PI voltadas à saúde sexual e reprodutiva das mulheres, em especial, a qualificação da consulta de Enfermagem, com capacitação de enfermeiros para inserção de Dispositivo Intrauterino (DIU) e do uso da ferramenta Ultrassonográfica em municípios piauienses, fruto de uma parceria com o Cofen.
Irradiando animação, os presentes seguiram o trio elétrico, acompanhando as coreografias de um educador físico e divulgaram a mensagem de acolhimento, respeito aos direitos da mulher e de todos os atores envolvidos no processo reprodutivo. O percurso da XI Marcha Pela Humanização do Parto seguiu do Complexo Turístico da Ponte Estaiada pela Av. Raul Lopes, até o balão do Shopping Riverside. Participaram do evento profissionais e acadêmicos de Enfermagem, demais áreas da saúde, instituições de ensino e simpáticos à causa. Destaque para a presença da Coordenadora de Saúde da Mulher da Secretaria de Estado das Mulheres (Sempi), Gislandia Gonçalves e de conselheiros e servidores do Coren-PI.
Entrando na 39ª semana de gestação, a mamãe Daiane Amorim aguarda avidamente a chegada da sua primeira filha, Mavie. Ela conta que desde que descobriu a gravidez planeja em um parto humanizado. “Sempre tive muito receio de sofrer alguma violência durante a minha gestação, o que me fez pesquisar mais sobre o tema e contratar uma doula. Hoje, sou acompanhada por uma equipe multiprofissional”, disse. Quando questionada sobre os motivos que a levaram à marcha, a estudante de nutrição responde com segurança: “O que nós queremos, enquanto gestantes, é ter um parto seguro, tranquilo, uma experiência que fique marcada apenas pela beleza e alegria. Movimentos como esse são importantes para que as mulheres estejam conscientes dos seus direitos”, disse.
Tendo como base a ética e o respeito às individualidades, no parto humanizado, a mulher é protagonista, com suas vontades e características consideradas. Um direito inquestionável, mas que nem sempre é aplicado. Independentemente do tipo de parto, tradicional ou cesariano, o termo “humanizado” refere-se à forma como ele é conduzido, com um conjunto de ações que possibilitam uma experiência segura, acolhedora e feliz.
O bebê Francivaldo Filho ainda nem veio ao mundo e já tem a garantia de uma chegada tranquila e com todos os seus direitos e de sua mãe assegurados. Isso porque a sua mãe, Edna Oliveira, está tendo acesso a uma assistência humanizada durante toda a sua gravidez. Grávida do segundo filho, ela conta que em sua primeira gestação foi muito bem acompanhada e teve total liberdade de escolher o tipo de parto. Edna estava decida pelo parto normal, porém, nas últimas fases da gravidez, acabou descobrindo uma alteração na localização de sua placenta, o que levou à realização de um parto cesariano. “Agora, pretendo ter o meu bebê por parto normal. Mas, junto com a equipe, vamos decidir o que for melhor. Isso que é o importante: a mulher ter esse protagonismo, decidir junto com a equipe o que é melhor tanto para ela, como para o bebê”, explica Edna, enquanto ostenta com orgulho a pintura em sua barriga, produzida durante a marcha.
Atuando com o parto humanizado desde 2016, a enfermeira obstetra Márcia Pinheiro reforça a relevância do papel social de informação e conscientização assumido pela Marcha Pela Humanização do Parto nos últimos anos. “É muito importante a gente fortalecer esse movimento de conscientização como um todo, já que promove esse direito da mulher, de ser bem assistida, bem tratada e respeitada durante toda a sua gestação, trabalho de parto e puerpério”, finalizou.
Redução da mortalidade materna e neonatal
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o parto humanizado como um importante elemento para a promoção da saúde. Ele contribui para a redução da mortalidade materna e neonatal, da violência obstétrica e das alarmantes taxas de cesarianas brasileiras.
FONTE: Ascom Coren-PI